A recente troca de mimos entre o Benfica e o FC Porto veio incendiar os ânimos já conturbados no que toca às relações entre os dois clubes; no próximo encontro entre ambos, na Luz ou no Dragão, essa combustão vai-se inevitavelmente atiçar, com imprevisíveis resultados, exceto um. Esse resultado mais do que previsível, que posso desde já antecipar, é que nenhum dos clubes sairá nunca vencedor deste tipo de guerras. Ambos perdem, assim a história ensina.
Se morrer alguém (espero bem que não), nos inevitáveis confrontos que vão ocorrer aquando do primeiro Porto-Benfica que se jogar, fica desde já consignado para memória futura, que os instigadores desse crime dão pelas alcunhas de Leitor e Bandido, e que qualquer polícia de giro, após sumário inquérito, apurará com facilidade a sua verdadeira identidade.
Não me lembro de um semelhante e deprimente espetáculo de regateirismo rasca, impróprio de entidades que beneficiam do estatuto de utilidade pública e se arrogam do estatuto de liderança no desporto português. Mais parece um concurso de jogos florais entre o mercado da Ribeira e o mercado do Bolhão, sem ofensa para as peixeiras!
Será que os órgãos disciplinares competentes vão agir como se nada se tivesse passado? Será que esperam ser respeitados, se nada fizerem? É por estas – e por muitas outras – que gosto muito de ser do Sporting, cujos valores e postura são conhecidos; é também por estes motivos que entendo que devemos ser intransigentes e determinados na defesa dos princípios que fazem do Sporting uma instituição semelhante a muitas outras, mas seguramente diferente do Benfica e do Porto, pelo menos deste Benfica e deste Porto.
Tenho pena que o Sporting esteja a passar pelas dificuldades financeiras que sabemos; tenho pena de termos ficado em quarto lugar no campeonato; tenho pena de muitas coisas que se passam, mas teria muito mais pena se o clube sofresse de indigência moral.
Autor: Carlos Barbosa da Cruz
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