Os sócios do Sporting aprovaram esta noite em Assembleia-Geral a contração de dois empréstimos no valor de 120 milhões de euros conducentes à fusão por incorporação da Sporting Património e Marketing (SPM) com a SAD. Para o presidente do clube, Godinho Lopes, a fusão é um virar de um "ciclo vicioso para um virtuoso" e permitirá a "entrada de dinheiro fresco".
O dirigente, que falava em conferência de imprensa após a
Assembleia-Geral do clube, que decorreu no Pavilhão Multiusos de
Odivelas com a presença de cerca de 500 sócios, disse que a aprovação
"era vital para o funcionamento do Sporting" e permitirá a entrada de
investidores sem que os "leões" percam a maioria da SAD.
"O Sporting está numa fase de transição na sua reorganização, por
isso era um passo decisivo. Assim, no último ano do triénio vamos ter
um resultado positivo e partir para um novo desafio. Vamos passar de um
clico vicioso para um virtuoso. Resolve-se o passivo com a entrada de
investidores. Não resolve nada do ponto de vista de dinheiro fresco,
mas permite que o Sporting continue a deter a maioria (da SAD)",
garantiu Godinho Lopes, sustentando que "os investidores serão
anunciados quando houver algo de concreto".
A proposta de contração de dois empréstimos no valor global de 120
milhões de euros conducentes à fusão por incorporação da Sporting
Património e Marketing (SPM) com a SAD foi aprovada com 72,12 por cento
de votos, 23,92 por cento contra, 3,09 por cento de abstenções e 0,86
por cento de votos nulos.
Os sócios aprovaram a contração de um empréstimo de 52,8 milhões de
euros, destinado ao aumento de capital ou a liquidar dívida da SPM, e
um outro, no valor de 67,2 milhões de euros, para financiamento da
Sporting, SGPS, para que esta possa acorrer ao referido aumento de
capital.
A direção tenciona desta forma extinguir a SPM e incorporá-la na
SAD, fazendo transitar para a sociedade que gere o futebol profissional
o direito de superfície do Estádio José Alvalade e do respetivo
terreno.
Com esta operação, a direção "leonina" diz que a SAD passará a ter
capitais próprios positivos e sairá da situação de falência técnica em
que se encontra, passando a respeitar as regras do "fair-play"
financeiro da UEFA.
O ex-candidato à presidência do Sporting Bruno de Carvalho foi uma
das vozes que se levantou contra esta proposta, afirmando que não
resolve os problemas da SAD e retira ao clube poder de decisão.
Além deste ponto foram também aprovadas alterações pontuais aos
estatutos do Sporting, sugeridas pelo Ministério Público, para adequar
as normas "leoninas" à lei, bem como alterações aos regulamentos
eleitorais, que preveem agora a introdução do voto eletrónico.
O presidente de presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Sporting,
Eduardo Barroso, indicou que este último ponto sofreu algumas
alterações, sem revelar quais, em relação à proposta inicialmente
apresentada pelo órgão, graças a sugestões apresentadas por Bruno de
Carvalho.
Segundo Eduardo Barroso, o "caso Cardinal" foi também abordado, de
forma "serena e tranquila", merecendo uma intervenção do
vice-presidente Paulo Pereira Cristóvão, ex-inspetor da Polícia
Judiciária, que foi constituído arguido juntamente com outras duas
pessoas no âmbito de uma investigação por denúncia caluniosa
qualificada.
Na base da investigação está uma denúncia feita pelo Sporting à FPF,
na sequência de uma alegada informação anónima segundo a qual alguém
na Madeira tinha depositado dois mil euros em dinheiro na conta
bancária do árbitro auxiliar José Cardinal, e que levou a federação a
apresentar queixa às autoridades.
Segundo uma fonte da investigação, o depósito terá sido feito por
uma pessoa que está ligada profissionalmente ao vice-presidente do
Sporting Paulo Pereira Cristóvão e terá, alegadamente, atuado para
impedir que o árbitro auxiliar fizesse parte da equipa de arbitragem no
encontro da Taça entre o Sporting e o Marítimo.
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